17.02.2008 - O Globo - Segundo Caderno - P. 8 - Suzana Velasco - Galerias não se prepararam para vender.

Reunir 32 galerias brasileiras deu trabalho à Fundação Athos Bulcão, parceira do Ministério da Cultura (MinC) na organização do pavilhão brasileiro na 27ª. edição da Arco 2008 e das exposições paralelas de brasileiros na cidade. Só três dessas galerias tinham o RADAR (Registro e Rastreamento da Atuação dos Intervenientes Aduaneiros), necessário para que possam ser feitas exportações — a essência de uma feira internacional de galerias, que vão ao exterior justamente para vender suas obras.

— Tínhamos a experiência da parceria com a FUNARTE na Quadrienal de Praga, que foi uma exposição temporária. Todas as obras voltaram para o Brasil, não havia vendas. Desta vez, é uma feira comercial, uma das mais importantes do mundo. E o mercado de arte no Brasil ainda é muito informal. Há galeristas que não têm CNPJ nem nota fiscal — conta Valéria, secretária executiva da fundação, representante da participação brasileira na Arco 2008 junto com Paulo Brum, coordenador-geral do MinC. — Jamais imaginamos isso. Para ser um processo legalizado, tivemos que contratar uma empresa de trading para representar as outras 29 galerias e fazer as vendas. Assim também há um controle entre o valor da venda e o que é declarado.

A informalidade do mercado de arte impulsionou Valéria a fazer, depois da Arco 2008, uma espécie de cartilha com as medidas necessárias para que galerias e instituições possam exportar obras de arte. O relatório virá em conjunto com uma avaliação das ações feitas pela fundação e pelo Ministério da Cultura durante a Arco, sempre necessária para justificar o investimento num projeto.

A fundação também vai produzir uma caixa com seis serigrafias, a serem criadas por artistas que foram a Madri: José Damasceno, Fernanda Gomes, Carmela Gross, Lucia Koch e Eder Santos — que inauguraram mostras na cidade — e Paulo Bruscky, que tem trabalhos na Arco. A caixa terá uma edição de 200 exemplares, que serão doados a órgãos do governo e a instituições culturais.

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