02.06.2005 - Valor Econômico Online - Entretenimento - Roberta Campassi - Falta de "bons" filmes reduz público da rede Cinemark.

Nos primeiros cinco meses deste ano, ir ao cinema pode não ter sido a primeira opção de lazer de muita gente. A rede de cinemas Cinemark registrou uma queda de cerca de 30% no público do período em comparação com os cinco primeiros meses de 2004, ano em que o total de clientes da rede foi 27 milhões de pessoas.

Segundo Marcelo Bertini, diretor financeiro da empresa, a queda de público não é exatamente devido à desaceleração no crescimento do Produto Interno Bruto ou à situação econômica. "Este ano tem havido falta de bons filmes", disse. "Faltam bons produtos nacionais e internacionais."

De acordo com Bertini, a estabilidade econômica pode influenciar os resultados, mas ainda é a oferta de filmes atraentes para o público que determina a escolha de ir ao cinema. "Essa é a pior fase da indústria nos últimos quatro anos", afirmou ele, enfatizando que a produção de filmes nacionais comerciais tem sido bem menor do que nos anos anteriores.

A redução nas vendas de ingressos no período de janeiro a maio poderá resultar na queda do faturamento da empresa em 2005. No ano passado, conforme o balanço publicado anteontem, a receita líquida das operações da Cinemark chegou a R$ 268,2 milhões, valor 18% maior do que o contabilizado em 2003. O lucro líquido de 2004 também cresceu e chegou a R$ 46 milhões, em comparação com o valor de R$ 23,3 milhões em 2003.

O lucro registrado em 2004 inclui R$ 24,2 milhões que foram contabilizados como reversão de despesas. Esse valor estava previsto para ser pago à Cinemark International (matriz) como pagamento de serviços e royalties. Mas a transação, devido a regras do Banco Central, acarretaria pagamentos de taxas em torno de 25% do valor total, e a Cinemark Brasil acabou não realizando a operação. Mesmo desconsiderando esse valor não advindo de vendas, o lucro de 2004 seria bem maior do que o de 2003, porque naquele ano também houve um ganho contábil de R$ 17,5 milhões resultante de variações cambiais.

Segundo Bertini, o aumento de 18% nas receitas de 2004 é resultado da expansão da rede com a construção de quatro novos complexos - 28 salas no total - e do aumento em torno de 7% do público em relação a 2003. A rede hoje tem 302 salas em oito estados do Brasil e espera abrir dois novos complexos este ano, um deles com seis salas, no Shopping Iguatemi, em São Paulo.

O Cinemark está apostando na recuperação do faturamento nos próximos meses. "Estamos otimistas, trabalhando para reverter o quadro", disse o diretor financeiro. "Temos boas expectativas de produtos para este trimestre." Bertini destacou o desempenho de "Star Wars", o novo filme de George Lucas, que até agora atraiu cerca de dois milhões de pessoas. Para as próximas semanas, são esperados os filmes "Mr. and Mrs Smith" e "Madagascar".

Como forma de alavancar as vendas de ingressos, a Cinemark lançou ontem o "Gift Card", um vale-presente em formato de cartão, o primeiro nos cinemas do país, segundo ele já está à venda nos cinemas da rede e custa R$ 50,00, valendo para seis sessões de quaisquer filmes.

"Esse é um projeto-piloto para ver se o público acha interessante", disse Bertini. Essa será uma opção mais econômica, já que um ingresso no Cinemark custa em média R$ 15,00.

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