01.04.2012 - O Globo - Segundo Caderno - P. 2. - Andrey Furlaneto - Público de 18 museus brasileiros ultrapassa 7,5 milhões.

Dados enviados pelo IBRAM ao 'Art Newspaper' revelam sucessos como o CCBB e números modestos como os do MNBA.

Uma semana depois da divulgação, pela Art Newspaper, de que o Brasil teve em 2011 a exposição mais visitada do mundo (a de Escher, no Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio), o Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM) cedeu ao jornal O Globo a lista que enviou ao jornal inglês, responsável por produzir, anualmente, um extenso ranking mundial de exposições e museus que são sucesso de público.

O IBRAM solicitou dados a 58 instituições, mas só recebeu informações de 18 delas. Ao todo, os museus e centros culturais somam público que ultrapassa 7,5 milhões de pessoas.

Sucessos fora do eixo.

O CCBB é o caso mais notório de sucesso, e não só pelo primeiro lugar no ranking do jornal inglês. Suas três sedes – em Brasília, Rio e São Paulo – registraram 4,5 milhões de visitantes no ano passado. Diferentemente do que se poderia supor, a região Sudeste, principal eixo cultural do país, não domina as melhores posições na lista do IBRAM. A segunda posição na lista, por exemplo, é ocupada por Inhotim, em Brumadinho (MG). A coleção de arte contemporânea de Bernardo Paz atraiu 768 mil visitantes em 2011. O terceiro colocado tem sede em Brasília: o Museu Nacional do Conjunto Cultural da República (590.944 visitantes).

- Mais do que o boom da arte brasileira fora do país, vemos um fenômeno nacional: a população vem valorizando acervos nacionais. Os museus que têm boas programações estão cheios – avalia José do Nascimento Júnior, presidente do IBRAM.

- Sentimos que a população passou a incorporar na cesta básica o consumo da cultura, seja cinema, teatro ou museus.

Ainda assim, há instituições que amargam números modestos de público. Entre os piores colocados está o Museu Nacional de Belas Artes, no Rio, que recebeu pouco mais de 80 mil visitantes em 2011. A diretora do museu, Monica Xexéo, alega que o MNBA não registrava todos os seus visitantes (ficavam de fora, por exemplo, visitas agendadas ou guiadas).

Outro fator que teria comprometido o número de visitação, segundo Monica, foram as reformas do prédio. A boa notícia é que desde a inauguração da exposição de Modigliani, o Museu Nacional de Belas Artes vem aumentando seu público – de fevereiro até a semana passada, foram mais de 20 mil visitantes.

Os museus do Brasil em 2011.

CCBB, Rio: 2,288 milhões de visitantes

CCBB, Brasília: 1,155 milhões

CCBB, São Paulo: 1,058 milhões

Instituto Inhotim, Brumadinho (MG): 768.829

Museu Nacional do Conjunto Cultural da República, Brasília: 590.944

Museu do Ipiranga, São Paulo: 301.286

Museu Imperial, Petrópolis (RJ): 280.591

Fundação Bienal de São Paulo: 250 mil

Museu de Arte Moderna, São Paulo: 191.370

Palácio das Artes e Centro de Arte Contemporânea e Fotografia, Belo Horizonte (MG): 179.099

Instituto Ricardo Brennand, Recife (PE): 154.769

Museu Histórico Nacional, Rio: 120 mil

Museu Nacional de Belas Artes, Rio: 80.868

Museu de Arte da Pampulha, Belo Horizonte (MG): 54.747

Museu de Artes e Ofícios, Belo Horizonte (MG): 46.440

Verba extra para instituições

Neste mês, o IBRAM vai enviar à Casa Civil um programa voltado para o período de preparação da Copa de 2014 e das Olimpíadas de 2016. Pedirá ao governo um aporte de R$ 150 milhões por ano, até 2016, para “implantar e qualificar” museus nas 12 cidades-sede da Copa e nos municípios que receberão eventos de futebol dentro das Olimpíadas.

Atualmente, a política nacional de museus, gerida pelo IBRAM, conta com cerca de R$ 112 milhões ao ano. Os R$ 150 milhões que o órgão demanda são uma verba extra, voltada só para o calendário esportivo no país.

O IBRAM, segundo seu presidente, José do Nascimento Júnior, baseia-se num dado do Ministério do Turismo segundo o qual cada turista que vier ao Brasil para os eventos esportivos trará ao menos dois acompanhantes que vão se dedicar não à Copa e às Olimpíadas, mas ao turismo.

- E os museus são responsáveis por transmitir uma ideia de país e esses visitantes – completa Nascimento Júnior.

O texto que será enviado à Casa Civil, batizado de Legado Cultural da Copa, diz que o IBRAM vai gerir as verbas em parceria com os estados, que deverão apresentar sua pauta de “qualificação dos museus”. Por qualificação, entenda-se, por exemplo, a instalação de aparatos para atender turistas estrangeiros – apenas 25% dos 3.112 museus no país têm infraestrutura bilíngüe (no Rio, a estatística sobe para 44,1%).

- É uma cultura nova. Estamos nos descobrindo enquanto país de referência. Até então, tínhamos a visão colonialista de que a cultura estava em museus internacionais.

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