13/08/1999 - Jornal do Brasil - Economia - Dívida financia filme - Sílvia Mugnatto

“Produtor ganha incentivos para comprar títulos. A dívida externa começou este mês a ser responsável pela promoção do cinema brasileiro. O filme Villa-Lobos, uma vida de paixão, do cineasta Zelito Viana, será rodado com apoio do Tesouro Nacional por meio da troca de títulos da dívida externa reestruturada pelo seu valor de face. Ou seja, o produtor nacional de cinema compra papéis da dívida brasileira pelo valor de mercado e, em vez de esperar o vencimento do papel, o Tesouro paga o valor do título agora para que os produtores possam se beneficiar dos descontos sobre esses papéis no mercado internacional. A produtora do filme sobre Villa-Lobos, a mapa Filmes do Brasil, adquiriu Debt Conversion Bonds que eram do Goldenberg Global Fund pelo equivalente a cerca de 60% de seu valor de face. Ontem, o Tesouro autorizou a troca desses títulos por Notas do Tesouro Nacional (NTN) com correção cambial no valor de R$ 269,1 mil. De acordo com técnicos do Tesouro, os produtores do filme estão ganhando, portanto, um subsídio de 40% sobre o valor dos títulos na transação. O subsídio foi criado pela medida provisória 1.862, regulamentada por uma portaria de julho deste ano e está limitado a R$ 150 milhões anuais. Agora, as NTNs da Mapa Filmes ficarão em poder do Banco do Brasil que liberará os valores conforme orientação do Ministério da Cultura. Segundo técnicos do Ministério da Fazenda, produtores se apresentaram nos primeiros dias após a edição da medida provisória interessados na operação. “Eles estavam interessados no negócio e não na produção de filmes”, afirmou um técnico”.

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