12/11/1998 - Folha de São Paulo - Folha Ilustrada - Nosso problema é difusão - free-lance para a Folha Assim como Nelson Pereira dos Santos, a cineasta Tata Amaral, 38, também sofreu forte influência do cinema novo, apesar de, na época, estar literalmente engatinhando. O contato que teve com o movimento se deu em cineclubes, nos anos 70. A seguir, a diretora de Um céu de estrelas fala sobre a mostra do cinema brasileiro em Nova York (MoMA) e propostas de um cinema em evolução. Folha - O que você achou das escolhas para a mostra do MoMA ? Tata Amaral - Não parei para refletir, mas o cinema novo como um ponto de partida é mais que compreensível. Afinal, a referência da Europa e EUA ao cinema brasileiro é pelo movimento cinemanovista. Folha - A retrospectiva atesta um reconhecimento internacional salutar ao nosso cinema ? Amaral - Reconhecimento é um termo complicado. Aqui no país, o problema é o da difusão. Filmes nacionais seriam mais apreciados no Brasil se houvesse acesso do público, como em cinemas de bairro. Folha - E como fazer isso ? Amaral - Abrindo espaço e fazendo o cinema atingir todas as camadas. E, para isso, vale a necessidade. Foi assim com o comercial O Que É Isso, Companheiro ? e com o artístico Baile Perfumado, por exemplo, em que os cineastas acreditavam em suas propostas. Folha - E qual filme você escolheria para representar bem nosso cinema no Moma ? Amaral - Uma escolha muito pessoal é Rio 40 Graus (de Nelson Pereira dos Santos), mas esse foi o filme que me fez descobrir que o cinema era algo possível para mim. Foi como a primeira transa, o primeiro sutiã, o primeiro diá-rio . . . |