11/06/2004
- O ESTADO DE S. PAULO - Jotabê Medeiros - Barretão ataca
os “gigolôs da cultura” - (www.estadao.com.br,
09h19).
Produtor
quer manutenção integral dos benefícios da Lei
do Audiovisual
O produtor cinematográfico Luiz Carlos Barreto, o Barretão,
um dos mais destacados do País, defendeu com ênfase na
quarta-feira, em São Paulo, a manutenção integral
dos incentivos fiscais para o cinema nacional, recursos captados por
meio da Lei do Audiovisual. Às vésperas de modificações
na legislação de incentivos, que serão introduzidas
por meio de decretos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
Barreto atacou os críticos do atual sistema (que defendem um
novo modelo, que faça com que o dinheiro público não
passe pelos caixas das empresas e que o dinheiro privado surja efetivamente
no investimento cultural).
“São os gigolôs da cultura que ficam fazendo essa
pregação contra a Lei do Audiovisual. É gente como
esse (Yacoff, consultor de patrocínio empresarial) Sarkovas,
com argumentos absolutamente primários. O cinema é uma
indústria que sofre forte pressão internacional, uma concorrência
que dificulta sua auto-sustentação. E a sobrevivência
do cinema é uma questão que envolve a sobrevivência
da sociedade brasileira. A batalha do audiovisual é hoje a batalha
principal do mundo moderno, a defesa dos conteúdos audiovisuais.
O país que não entrar nessa batalha não sobreviverá
como nação”, afirmou o produtor, que assistia a
conferência no Ibirapuera.
O consultor Yacoff Sarkovas, citado por Barreto, disse que o discurso
do produtor visa manter um status quo. “Pessoas como o Barreto
querem é manter os guichês de distribuição
do dinheiro público dentro das empresas. Querem manter o sistema
atual, que beneficia quem consegue construir uma rede de influências”,
afirma.
Segundo Sarkovas, a Lei do Audiovisual é um sistema “perdulário
e equivocado”, pois permite uma dedução maior do
que a integral (125%) e não exige nenhuma (sic) contrapartida.
“Qual o critério pelo qual são distribuídos
anualmente os R$ 500 milhões do dinheiro da renúncia fiscal?
Não há. Tudo se dá num jogo de pressões
e relacionamentos. É dessa discussão que o Barreto não
trata. É claro que eu concordo com ele quando diz que é
uma atividade estratégica, mas não é esse o ponto”.
O produtor Luiz Carlos Barreto também comentou o atraso na criação
da Ancinav (Agência Nacional do Cinema e do Audiovisual), que
substituirá a atual Ancine (Agência Nacional do Cinema).
“O projeto da Ancinav já estava no plano original do Grupo
Executivo de Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica
(Gedic)”, disse. “Mas foi modificado pouco antes da aprovação
e agora será difícil retornar ao projeto original. A Ancinav
só vai sair quando houver um consenso entre o cinema e a TV,
e isso está longe de acontecer. As discussões têm
sido intermitentes”, declarou.
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