07/02/1999 - Jornal do Brasil - Caderno B - Eduardo Graça. Cultura popular ameaçada

“O ministro da Cultura, francisco Weffort, disse ao Jornal do Brasil que não aceita o papel de vilão da vez da cultura nacional. “Não estamos fazendo uma política de Robin Hood às avessas. Jamais disse que privilegiaríamos projetos culturais com maior penetração no mercado às custas da cultura popular”. O ministro se refere às críticas que recebeu de artistas e intelectuais depois de anunciar o planejamento do Ministério da Cultura para os próximos quatro anos. A polêmica foi criada depois de o ministério informar que implantaria uma política agressiva de apoio aos bens culturais com grande aceitação no mercado. Weffort citou a Bossa Nova e a Axé Music como duas possíveis beneficiadas da nova estratégia política do ministério. “Esta é uma área que nunca teve nosso estímulo. E se estes produtos já têm aceitação imensa, imagine com facilidades como juros subsidiados, abertura de linhas de crédito do BNDES e até a utilização do Proex na área da música . . . é preciso linkar projetos culturais à realidade econômica, exatamente o que americanos e franceses fazem”.

“O ministro também considerou “estranha” a indignação de intelectuais com a cobrança de ingresso em prédios tombados pelo Patrimônio Público. “Minha idéia é equacionar preservação e sustentabilidade. Não vamos cobrar ingresso em monumentos de São Luís. Mas pode-se fazer isso nas igrejas da Bahia e do Rio. Buscamos a auto-sustentação e não vejo escândalo algum nisso. Uma coisa é você ir à missa, outra fazer turismo”. Weffort disse também que as bandas de música de todo o país não estão ameaçadas. Nem serão abandonadas. “Isso também é ridículo. Desde 1995 o orçamento para as bandas não para de crescer. No último ano, 700 novas bandas de música foram beneficiadas . . .”. Weffort afirmou ainda que o ministério socorrerá ainda esta semana a Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB), que está passando por sérias dificuldades”.

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