O livro "Economia da Cultura: contribuições para a construção do campo e histórico da gestão de organizações culturais no Brasil" foi lançado em 2011 pela Editora Ciência Moderna; em 24 de agosto no Rio de Janeiro, na livraria Leonardo da Vinci e, em 20 de setembro, na Livraria da Vila, em São Paulo.
Re-lançamento: Auditório Cartola, em 17 de abril de 2013, no projeto "Acentos Visuais" do
Departamento Cultural da UERJ.

Muito se tem falado, ultimamente, de Economia da Cultura. O que será isto? Uma nova área de saber? Um novo campo profissional? É preciso ser economista para entender deste assunto?

Essas são questões centrais do livro lançado

A obra é fruto da colaboração entre Lusia Angelete Ferreira e Manoel Marcondes Machado Neto. Ambos são consultores na área da gestão e da produção cultural.

Lusia Angelete, especialista na área fiscal-tributária cuja formação de base é a ciência contábil, valeu-se de um mestrado em Administração para apontar as bases da construção do novo campo: “sem a formalização dos agentes e uma contabilidade confiável, o setor cultural continuará a ser vítima de práticas amadoras e intermitentes, não gerando políticas públicas ou privadas que sejam perenes e dêem a solidez que a criatividade do artista e do produtor cultural brasileiros merecem".

Manoel Marcondes Neto, por sua vez, avança nas questões que o motivaram a dedicar um doutorado ao marketing cultural: “ora, se existe um mercado cultural, um mercado de arte, uma economia da cultura, é óbvia a existência de um marketing cultural – e que precisa ser dominado por aqueles que verdadeiramente são os produtores culturais - os artistas. As empresas dominam o processo e como patrocinadoras têm tirado muito mais proveito das nossas políticas culturais capengas, baseadas em incentivos fiscais, do que os artistas e o público – aqueles que deveriam ser os reais beneficiários de renúncias fiscais municipais, estaduais e federais".

Os autores lançam o livro depois de 15 anos ininterruptos (de 1994 a 2009), de atuação nos cursos de extensão e aperfeiçoamento em gestão e marketing da cultura na UERJ.

“A última turma do curso de aperfeiçoamento foi realizada “in company”, na Fundação Biblioteca Nacional, só para funcionários”, destaca Lusia Angelete.

"Na UERJ recebemos alunos de outros municípios do Rio e até de outros estados, e por causa deles é que o curso consolidou-se aos sábados. Já tivemos inscritos de Vitória (ES), Belo Horizonte e Juiz de Fora (MG), além de São Paulo", explica Marcondes Neto, que é professor adjunto da Faculdade de Administração e Finanças da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e líder do Grupo de Pesquisa "Gestão e Marketing na Cultura" junto ao CNPq.

"Estamos neste ambiente – agora como pesquisadores – desde a Lei Sarney, de 1986, que concedia incentivos fiscais. Aliás, é por isso que marketing cultural ainda é confundido com incentivo fiscal – em nossa opinião, uma das razões das idiossincrasias que sofre a cultura, no Brasil. Afinal, para o cidadão comum – e até para o mais letrado –, fica uma desconfiança, tipo 'marketing não combina com política cultural'.", lembram os autores.  

"O livro faz um percurso histórico de 90 anos de gestão da cultura no Brasil, de 1920 a 2010, e reflete a inconstância de nossa ação cultural e de nossas instituições culturais – algumas até bastante sólidas – em cinco setores: livro, museus, teatro, cinema e música. Um levantamento detalhado foi realizado junto a fontes como ANCINE, FGV, Fundação João Pinheiro, IBGE, MinC,Receita Federal e TCU – o que resultou em cruzamentos de informações e elaboração de tabelas a partir de dados que normalmente se encontram dispersos, dificultando a mensuração e a consequente base para formulação de políticas de investimento, tanto públicas como particulares", ou seja, para uma verdadeira Economia da Cultura, conclui Lusia Angelete.

Textos de ambos os autores podem ser acessados neste website.