Uma sugestão para a formatação do projeto cultural

Não existe, a rigor, uma fórmula ou modelo para apresentação de projetos.

Na medida em que o profissional amadurece o seu trabalho, a forma de construir um projeto se torna, mais e mais, objetiva e pragmática, tendo em vista, principalmente, a quem se destina o mesmo, quem irá análisá-lo. Se o executivo de uma empresa privada ou pública; se o administrador de um espaço cultural, se um servidor público da esfera da cultura, dependendo de quem for o destinatário do projeto, o enfoque deve mudar e adequar-se aos seus objetivos e modos de operação específicos.

É importante salientar a necessidade de concisão, de acuracidade do orçamento e a menção aos possíveis retornos do patrocinador de forma bastante objetiva, tendo em vista a exigüidade de tempo que os executivos hoje dispõem para a leitura de projetos.

Sem querer estabelecer uma camisa-de-força, sugerimos o seguinte formato:

Projeto Cultural - Título

1. Carta de apresentação da empresa de produção cultural / projeto cultural

Relato simples e direto sobre as atividades da empresa, suas experiências no campo específico, as associações já realizadas com a iniciativa privada (listar nomes de empresas), com órgãos públicos (quais são) e uma pequena introdução sobre o projeto, o qual seguirá em anexo.

2. Construção da idéia

Esta fase inicial irá delimitar o campo de atividade cultural. A partir disto configura-se o tipo de projeto/evento e seus possíveis desdobramentos (em função de produtos a desenvolver ou espaços culturais a utilizar). Exemplo: se a atividade é música, o evento pode ser a edição de uma partitura, de um livro, apresentação de espetáculo musical, a gravação de um concerto em CD, CD-ROM ou DVD, um ciclo de palestras sobre um compositor, a história de uma música etc.

3. Apresentação

Este item exige precisão e ritmo no texto. Este é o momento em que se vende a idéia. Muitas vezes, na leitura da apresentação do projeto, já se define o interesse ou não do patrocinador. É, na verdade, uma introdução bem objetiva, mas que contenha toda a idéia.

4. Objetivos

Tem a finalidade de mostrar o escopo do alcance que se deseja atingir com o projeto. Formato, divulgação, público e os propósitos do projeto são itens dessa seção.

5. Justificativa

É a forma pela qual é explicada a importância e significação do projeto, o porquê do mesmo. É, na verdade, um aval aos objetivos. Aqueles elementos únicos que constituem o projeto e as razões que levaram ao mesmo são itens indispensáveis a uma justificativa.

6. Plano de Divulgação

Todo projeto cultural necessita de um plano para difusão junto aos veículos de comunicação. Muitas vezes é pelo retorno de divulgação, apenas, que um patrocinador adere a uma idéia. Possíveis associações com veículos e fornecedores (apoios), produção de peças promocionais (cartaz, convite, folder, catálogo etc.) são itens importantes desse plano. Deve-se enumerar, ainda, quais os veículos de comunicação (rádio, jornal, revista, TV) serão utilizados como mídia espontânea. Custos de profissional especializado, se houver, devem estar quantificados.

7. Plano de Mídia

Este é um planejamento para a colocação de anúncios pagos. É uma seção muito importante pois também pode ser a principal razão para um determinado patrocinador adotar o projeto. É ainda a principal moeda de troca que o produtor cultural poderá obter através de uma possível associação (em forma de apoio) com um veículo de comunicação. Se bem planejada, a mídia será o segredo para um boa negociação do projeto. Exige um conhecimento dos preços vigentes no mercado publicitário.

8. Orçamento

Junto com o planejamento de mídia, o orçamento bem construído e que demonstre precisão nos números é, certamente, um forte ponto de venda. Além de demonstrar domínio do métier por parte do produtor, sugere correção na apropriação dos custos, evitando a sensação de orçamento inflacionado ou que conste de itens na verdade inexistentes. No orçamento se estabelecem, ainda, parcerias, apoios ou quotas de participação (co-patrocínio).


Ricardo de Hollanda
Graduado em Jornalismo e Editoração, mestre e doutor em Ciência da Informação. Atuou no Sistema Jornal do Brasil, Fundação Nacional Pró-Memória e Fundação Biblioteca Nacional. É professor da UERJ, coordenador da Oficina de Fotografia do Departamento Cultural e coordenador adjunto do Curso "Marketing Cultural: Teoria e Prática" do CEPUERJ.



« voltar