18.01.2006 - Carta Capital - Pedro Alexandre Sanches - Contra os privilegiados. Para Gil, a classe dominante reage à “discriminação positiva” do MinC.

Ele diz que veio da “classe dominante” para “fazer um deslocamento”, “um trabalho que é outro”, diferente do que realizou nas últimas décadas como músico e personalidade da cultura. Em entrevista a CartaCapital na segunda-feira 9, o cantor e compositor tropicalista Gilberto Gil, ora ministro da Cultura, procurou demonstrar que a missão em que parece estar imbuído não é retórica, mas real.

Uma evidência seria o fato de que os críticos mais ferozes e renitentes das atuais políticas (ou da falta delas, segundo os opositores) têm nomes como Ferreira Gullar, Luiz Carlos Barreto, Marco Nanini e até mesmo o amigo e parceiro histórico Caetano Veloso.

“Os artistas consagrados e bem-sucedidos não gostam de ser elencados na classe dominante, mas são. Nós somos classe dominante”, provoca o ministro, incluindo-se na elite, a boiar nas contradições. E tenta, na entrevista, explicar sob o fio dessa lógica a hostilidade da imprensa e a zanga dos “privilegiados” contra sua gestão num ministério que, segundo ele, se empenha em inverter a lógica dominante e “atender áreas periféricas que nunca foram atendidas”.

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