21.10.2005 - Folha de S. Paulo - Ilustrada - P. E12 - Política Cultural - Valmir Santos - 114 entidades teatrais pedem mais verba.

Documento assinado pelas organizações foi entregue ao Ministério da Cultura e a comissões no Congresso.

Recursos para ações emergenciais de fomento às artes cênicas até dezembro. O item encabeça documento assinado por 114 entidades e apresentado anteontem na reunião nacional da câmara setorial de teatro em Brasília, organizada pela Funarte, órgão do MinC (Ministério da Cultura).

Ontem, o documento foi encaminhado às comissões de Educação e de Cultura do Senado e da Câmara, que podem deliberar sobre emendas do orçamento do MinC.

As entidades, que representam vários Estados, pedem prioridade para o desenvolvimento das artes cênicas e inclusão de ao menos oito itens na agenda das comissões.

Segundo o documento, em três anos de governo Lula foi lançado apenas um edital para teatro, com foco na circulação de espetáculos.

“Que em 2006 não haja contingenciamento no orçamento do Ministério da Cultura”, diz o documento, tocando o nervo exposto na pasta de Gilberto Gil.

Em 2005, foram retidos 57% do orçamento de R$ 480 milhões do MinC. O governo justifica que usou o dinheiro para o pagamento de juros da dívida externa. O próprio Gil reclamou recentemente de que ficou “à míngua” e esperava dias melhores em 2006.

As entidades reconhecem que, tecnicamente, não há prazo para o lançamento de edital até o final de 2005 (no mínimo 45 dias) e propõem emenda que destine R$ 30 milhões no início de 2006 relativos aos Prêmios Myriam Muniz (de fomento ao teatro) e Klaus Vianna (fomento à dança).

A Funarte chegou a anunciar os dois prêmios para 2005, mas recuou por falta de recursos.

“O documento está em sintonia com o que as câmaras setoriais vêm discutindo nos Estados e com os programas que elaboramos”, diz o presidente da Funarte, Antonio Grassi. O encontro também foi acompanhado pelo secretário-executivo do Minc, Juca Ferreira.

O documento endossa ainda a reivindicação de outros setores da cultura para que o MinC alcance 2% do orçamento federal – outra bandeira de Gil.

Entre as entidades que subscrevem o documento estão a Apetesp (Associação dos Produtores de Espetáculos Teatrais do Estado de São Paulo) e a Abracirco (Associação Brasileira de Circo).

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