18.07.2005 - O Globo - Economia - P. 18 - Fabiana Ribeiro - Mídia de cinema gira R$ 150 milhões.
Filme, pipoca e propaganda. Uma combinação que, nos últimos anos, tem agradado às empresas que apostam no poder da publicidade no cinema. E já não são poucas. Na lista, clientes gigantes como TIM, Oi, Unibanco, Sadia, Telemar e Petrobras — e pequenos como a franquia de comida italiana Spoleto — que fizeram o segmento movimentar, em 2004, R$ 150 milhões, segundo estimativas da Associação dos Profissionais de Propaganda (APP).
É no escurinho do cinema que a Kinomaxx, que presta serviço de publicidade para Cinemark e UCI, assiste ao aumento de 20% dos ganhos com essa mídia no primeiro semestre deste ano, em comparação com o mesmo período de 2004.
— Houve um salto de qualidade nas salas de projeção brasileiras, no que diz respeito a imagem e som. Isso estimula as empresas a olharem mais para a mídia — disse Marcelo Silveira, diretor da Kinomaxx.
Cinema digital reduz custos e atrai mais anunciantes
Para André Porto Alegre, presidente da APP e diretor geral da Promocine, responsável pela publicidade do Grupo Severiano Ribeiro, esse “salto de qualidade” se traduz em cinema digital, que traz redução de custo na produção para o cinema. Para adaptar o comercial da televisão para o cinema, explicou ele, há um custo de ao menos R$ 5 mil. Salas novas, no entanto, não exigem esse investimento.
— Menos gastos, mais anunciantes — disse Porto Alegre.
A regra, porém, não vale para o custo da veiculação. Os 30 segundos de propaganda ao longo de uma semana não custam mais os R$ 1.500 de cinco anos atrás. Valem R$ 2.500 — um aumento de 66%. Ainda assim a mídia no cinema continua barata quando comparada à da televisão.
— É mais barato porque seu poder de alcance é menor. Uma semana no Cine Leblon, por exemplo, atinge, em média, 10 mil pessoas. Só que o cinema tem um poder de impacto: ele fala diretamente com seu público — explica Porto Alegre.
O publicitário André Lima, da agência NBS, concorda. Na sala de cinema, é possível notar as reações do consumidor.
— O cinema é uma enorme sala de pesquisa. Principalmente quando se trata de jovens. E isso permite criar campanhas específicas — disse Lima, que já produziu várias peças para o cinema.
Propaganda só aparece em 10% das salas de cinema
A abertura de novas salas — como a Arteplex em Botafogo — e o lançamento de filmes nacionais também contribuem para o aumento de anunciantes de peso. Que hoje são principalmente empresas de telefonia, e bancos. Mas, alerta Flávio Conti, diretor-geral da DPZ, essa mídia não é para qualquer produto:
— Cinema não é para vender produtos de limpeza. É para vender imagem. E o interesse aumenta porque não há risco de o expectador mudar de canal.
Porto Alegre acrescenta que ainda há espaço para essa mídia crescer. Das atuais 1.997 salas de cinema no Brasil, apenas 10% delas veiculam propaganda antes dos filmes.
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