14.07.2005 - Valor Online - São Paulo - Eliane Sobral - TV Cultura planeja atrair mais verba publicitária. Meta é obter receita de R$ 80 milhões com venda de espaço e licenças.

A TV Cultura espera elevar sua geração de receita de R$ 40 milhões, no ano passado, para R$ 80 milhões neste ano.

O orçamento da emissora educativa de São Paulo somou R$ 120 milhões em 2004, sendo que R$ 80 milhões saíram do orçamento do governo do Estado e os R$ 40 milhões foram alcançados com receita publicitária, licenciamento e venda de produtos com conteúdo gerado pela emissora, e prestação de outros serviços - produção de programas para terceiros, como os da Câmara Municipal de São Paulo e Tribunal Regional Eleitoral (TRE).

De acordo com balanço de um ano de gestão, divulgado ontem pelo presidente da Cultura, Marcos Mendonça, o número de produtos licenciados saltou de 19 itens, em junho de 2004, para 1.060, em junho deste ano. Já o diretor de marketing e vendas da emissora, Cícero Feltrin, informa que só a área de licenciamento pode render US$ 1 milhão aos cofres da Cultura. "A emissora estava muito acostumada a associar licenciamento apenas a vídeo ou DVD. Apostamos pesado nessa área e já temos uma extensa linha de produtos de perfumaria higiene para crianças com a marca Castelo Ra-tim- bum e em agosto, lançamos 28 brinquedos, licenciados pela Estrela", completa Feltrin.

Mendonça também quer ampliar a participação da TV Cultura na divisão dos investimentos publicitários realizados no país e seus esforços neste sentido têm rendido acalorados debates que envolvem desde o meio acadêmico às emissoras concorrentes.

A principal indagação é se essa busca por maiores receitas não estaria levanto a Cultura a abrir mão de sua principal missão que é oferecer programação com cunho cultural e educacional. Neste ano, entre outras novidades na grade de programação, a Cultura passou a exibir jogos de futebol - foram 29 horas de Copa das Confederações e outras 32 da Copa São Paulo - concorrendo diretamente com a TV Globo e a Rede Record. Também estreou um programa de entrevistas com a apresentadora Silvia Popovic em moldes similares aos apresentados por TVs comerciais no meio da tarde.

Marcos Mendonça diz que não houve qualquer mudança na programação da Cultura que justifique as críticas de que a emissora estaria afastando-se de sua principal missa e cita números para apoiar o argumento. "Não tirei nada do ar. Ao contrário, ampliamos a grade com novas opções ao telespectador. Produzíamos duas horas de programação e agora produzimos 12 horas. Estamos gerando emprego, valorizando o conteúdo nacional. Zeramos nosso déficit e não devemos para ninguém. Por que não buscar mais receitas? ", diz o presidente da Cultura.

Ele também nega que o programa de entrevistas idealizado por ele e que teria no comando o secretário da Educação de São Paulo, Gabriel Chalita, tivesse conotação política. "Além de secretário de Estado ele é um comunicador e a idéia era fazer um programa sobre educação. Como surgiram as críticas, resolvemos cancelar".

No ano passado, dos R$ 13,5 bilhões investidos em mídia no Brasil, a Cultura ficou com 0,11%. Para este ano, a projeção da emissora é que os investimentos publicitários cheguem a R$ 15 bilhões e sua participação suba para 0,16%.

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