10.11.2013 - Facebook - Marcondes Neto - Grupo de Folia de Reis é desrespeitado e ignorado apesar de ter aceito convite da TV Globo. Matéria, comentário e repercussão.

Admira-me que o grupo, depois de tudo que passou, ainda faça em sua indignada - e exata - CARTA, elogios ao programa Esquenta!, da decadente TV Globo.

O "grotesto" - conceito presente na literatura mais básica sobre televisão - supera-se em "requintes" de produção neste soberbo lixo comandado por Regina da Cocada Preta Casé.

O pastiche serve de plataforma para promoção dos escolhidos de sempre (cantores de trilhas sonoras da co-irmã Som Livre) e faz a farsa da democracia cultural tupiniquim - a mesma que, infelizmente, consta da Constituição Federal brasileira, que desde 1988 promete aos cidadãos (sem regulamentar, mesmo após 25 anos) que "o Estado garantirá o pleno exercício dos direitos culturais".

O país retratado no Esquenta! merece o que vemos, dirão os fatalistas. Discordo. Ninguém nasce sabendo. E o Estado tem a obrigação de cumprir o tipo de promessa que fez - acima - quando seus representantes reuniram-se em Brasília sob a égide da construção de uma Constituição Cidadã depois de outros 25 de escuridão, da ditadura. O acesso a todas as formas de arte, comunicação e produções culturais (inclusive "grotescas", claro) dá ao indivíduo as condições para ampliar sua visão de mundo, escolher, e também ser um produtor - não só consumidor passivo de - cultura.

Os capítulos sobre Comunicação e Cultura têm que deixar de ser letra morta. Senão, daqui a mais 25 anos, seremos, realmente, um país "bárbaro".

Movimento Favela Rising

Some-se ao Esquenta!, os demais desserviços à cultura (e ao poder que uma concessão pública tem e pode dirigir para desconstruir qualquer possibilidade de edificação do indivíduo, de autonomia, e de uma sociedade realmente diversa, menos fútil, mais responsável, e democrática) da "líder de audiência": Caldeirão do Huck, Domingão do Faustão e Zorra Total.

Até o (antes aceitável) Altas Horas tornou-se plataforma de jabá e convencimento da população (toda ela) de que ser da "nova classe média" (750 reais de renda familiar per capita) "já está bom", comprar uma TV de plasma e um smartphone é gasto "com cultura", e poder viajar de "classe-cachorro" pela Decolar Pontocom é o máximo que se pode almejar na vida. Não é. E há de se conseguir quebrar este conluio entre empresas anunciante que se beneficiam deste falso upgrade social com uma mídia bandida e partidos políticos "profissionais" que viram as costas para - qualquer - projeto digno de ser chamado civilizacional. E isto num país rico, sétima economia do planeta, mantida nivelada "por baixo", a bordo de uma imprensa que descura de seu papel de "olhos" - e alerta - da nação.

Há cem anos, a Argentina era o quinto país do mundo. Não somente em termos de PIB, mas, principalmente, em termos de leitura, de cultura, de civilização. Indago-me: - qual terá sido a parcela de culpa da media monopolizada e do pensamento único na decadência dos hermanos.

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