11/03/1998 - Veja - Show. Sócio capitalista. Como Manoel Poladian reanima carreiras em declínio, comprando na baixa e vandendo na alta. Neuza Sanches. P. 115.

“Para os artistas brasileiros, o empresário Manoel Poladian é como um remédio amargo. Ninguém gosta de engolir, mas em alguns momentos da vida, quando o público some e os discos param de vender, uma colherada de Poladian pode ser um poderoso tônico para tirar uma carreira da UTI. A última a prová-lo foi Gal Costa. No final do ano passado, a cantora saiu em turnê com seu ambicioso show Acústico, acompanhada de orquestra sinfônica. No mês de dezembro, em teatros nunca repletos, apresentou-se para apenas 900 pessoas ao todo. Contratou, então, o empresário e passou a receber, em um único dia, públicos maiores do que com Acústico em um mês. Cantou em Fortaleza para 5.000 pessoas, em Salvador para 3.000. No total, foram 15.000 espectadores no Nordeste e 18.000 no Rio de Janeiro, onde o show está em cartaz até agora. Com a procura, seu cachê subiu de 30.000 para 45.000 reais. Gal Costa ficou satisfeita, mas aconselha uma dose moderada do remédio. “Ele é um empresário que devemos usar apenas em alguns momentos da carreira”.

“Para Poladian, um artista é como uma ação da bolsa de valores. O segredo é comprar na baixa e vender na alta. O método de Poladian é radical. Quando assina contrato com um artista, ele quer ter total autonomia sobre o que chama de 'o produto' - expressão que artistas detestam. Gasta dinheiro em equipamento de som, luz, cenografia e até contrata bailarinas se for o caso. No caso de Gal, concluiu que seu Acústico era muito “baixo astral”, as pessoas não se levantavam para dançar. Para vitaminar a carreira de Gal, Poladian mandou embora a orquestra, contratou uma banda mais pop e convenceu a cantora a escolher um repertório mais dançante. Deu certo”.

« voltar