04/06/1999 - Jornal do Brasil - Caderno B. Florianópolis discute o cinema. Cristian Klein

“Nos últimos anos, como conseqüência da Retomada, várias cidades pelo Brasil inventaram os “seus” festivais de cinema . . . Florianópolis apostou num caminha diferente. Também exibe sessões curtas de curtas, longas, mas o principal é a discussão do cinema brasileiro, orientando-se a partir do que acredita ser uma dupla necessidade: a aproximação do cinema nacional com a TV e com os vizinhos do Mercosul. O painel de hoje, às 14 h, terá o esperado José Álvaro Moisés, secretário para o desenvolvimento do audiovisual do Ministério da Cultura . . . Moísés fará parte do debate Políticas de integração Audiovisual no Mercosul. Ele pode, aliásw, aproveitar a ocasião para responder a algumas questões, levantadas durante a semana. Como as que surgiram no painel Produção cinematográfica nacional, na segunda-feira. “A lei do audiovisual está saindo mais caro para o país do que os antigos subsídios para uma Embrafilme”, disse Vera Zaverucha, ex-secretária do audiovisual do MinC e atual assessora de Relações Institucionais da Fundação Roquette Pinto. Outro problema apontado foi a excessiva falta de critério para a aprovação dos benefícios fiscais. “Qualquer um pode pleitear a isenção, desde que conheça o diretor de marketing de uma empresa. Dessa forma, os recursos estão sendo pulverizados, bloqueando e atrasando a realização de bons projetos, que não conseguem finalizar a captação”, disse Vera Zaverucha, defendendo a adoção de uma política mais clara do governo no audiovisual. “Lei é mecanismo, não é política. Hoje o ingresso é muito caro. Por que não criar um sistema de fomento ao consumo, e não apenas na produção”, sugeriu. A inflação nos orçamentos dos filmes também foi abordada. “Eles têm crescido porque as corretoras, que lidam com a captação, não interessa vender certificados de pouco valor”, disse. O diretor executivo da Globo Filmes, Luiz Gleiser, citou o recorrente problema da distribuição dom cinema brasileiro, após a suposta superação da falta de recursos na produção. No entanto, salientou a importância em se pensar nas várias “janelas” de comercialização de um produto audiovisual, como o vídeo, a TV por assinatura e a TV aberta. “É preciso parar de pensar só em cinema. Hoje, por exemplo, não há conteúdo suficiente para fomentar um universo de 500 canais de TV. É preciso pensar em outros produtos audiovisuais”, disse. Ivan Isola, da TV Cultura, participante do painel Produções e co-produções com TVs nacionais, defendeu o investimento nos telefilmes, de baixo custo. “Com R$ 700 mil você pode fazer um telefilme de quatro semanas”, afirmou Ivan, coordenador do Programa de Integração Cinema e TV (PIC-TV), que já co-produziu filmes como Boleiros, de Ugo Georgetti, Kenoma, de Eliane Caffé, e Coração Iluminado, de Hector Babenco, no espaço dos antigos estúdios da Vera Cruz”.

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